Não devemos nos deixar cooptar, pender para um dos lados. A verdade, se existe, não está nas margens, mas de entremeio, na fronteira difusa entre realidade e delírio. Einstein dizia que era preciso não concordar: ao concordar, deixa-se de pensar, e pensar é tudo, o único propósito, a propulsão que nos mantém vivos e atentos para as sutilezas e os mistérios do universo. Concordar, portanto, não é diferente de morrer ou de não existir. Não é outra a conclusão a que chegou, esteticamente, o escritor e crítico norte-americano William H. Gass: “O que aprendi de Pierre Louys? Balzac? Jules Romain?... seus quebra-cabeças e seus mistérios, suas confusões e suas mentiras. Eu não entendia. Eu não me dava conta. Eu queria sujeira ou pureza, inocência ou cinismo, jamais mistura enlameada, o equilíbrio monótono, os tons regulares da verdade”. Da verdade, que é inexatidão, incerteza, dúvida. Efervescência de opostos no caos do estranho.
Ilustração: Prentententoonstelling, de M. C. Escher.
3 comentários:
Como disse, mais ou menos, um amigo meu: eu agora estou lendo de verdade sobre a verdade.
Muito interessante... É bom pensar...
Eu vou de Carpinejar (no Canalha), citando "o Lacaniano"- "verdade que é verdade está rodeada de pequenas mentiras para protegê-la." Pensar é desconfiar... Muito bom.
Marie
Postar um comentário