O que a polícia não faz o cidadão providencia. Não há mais Guarda Belo, como em nossa infância, a guardar a rua de esquina a esquina, dia e noite. Então a minha rua contratou um vigilante, que a percorre noite e dia, sob o olhar impassível das janelas. E quando saio, às cinco da manhã, lá está ele, acompanhado de mais dois, que vigiam outras ruas, próximas. Conversam, riem, tramam amores para alguma noite incerta e que talvez jamais aconteça, discutem o desempenho deste ou daquele modelo de carro, o talento ou valor deste ou daquele jogador de futebol. Dão sorte que não há mais Manda-Chuvas em latas de lixo! Estão todos agora encerrados em vultosas coberturas, onde recebem lindas mulheres, pacotes de leite em pó e dirigentes do nosso e de outros países – e o mesmo Guarda Belo de antes faz vista grossa...
Ilustração: Top Cat (1961), de Hanna-Barbera.
3 comentários:
Mudamos nós ou mudou o mundo? Talvez, em outras circunstâncias,o Guarda Belo soubesse...Aquele abraço. T
mayrant, com ficou aquele lance dos microcontos que te mandei. no mais, venho aqui sempre. é sempre bom ler vc. abçs
Quando eu era menina, no interior, apitava um guarda na madrugada. Ia fazendo a ronda e de apito em apito a cidade ia dormindo. De dia, quando eu via um, atravessava a rua. Tinha mais medo de polícia do que do velho do saco. Aí, fui crescendo, eles, no mesmo ritmo, desaparecendo. Na minha rua, nas ruas que cercam a minha rua, no meu bairro, não tem um guarda se quer, fardado ou civil. Mas velho do saco, há, isso tem.
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