"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

sexta-feira, 4 de julho de 2014

DIÁRIO DA COPA, 32: DIA DOS ZAGUEIROS!

Zagueiros decidem para o Brasil (IG).
Mais cedo, no Maracanã, um gol do zagueiro Hummels decretou a vitória da Alemanha. O jogo não foi bom. Não sei se a França foi apática ou se foi a Alemanha que, ao chegar ao gol muito cedo, deu-se o luxo de burocratizar a sua atuação. Só nos cinco minutos finais a França atentou para o fato de que estava disputando uma quarta da final de Copa do Mundo, mas, então, era tarde. E a Alemanha não se esforçou muito por matar o jogo, conduzido em ritmo baixo, quase como se fosse um treino um pouco mais intenso.

Em Fortaleza, me pareceu que os pênaltis, no jogo anterior, serviram de lição ao Brasil. Mais vibrante e decidida, com marcação intensa, afinal de contas do outro lado estava uma das mais técnicas seleções desta Copa, nossa seleção se impôs e chegou, como a Alemanha, muito cedo ao gol, com Thiago Silva, como se fosse um centroavante. Houve também mais solidariedade entre os jogadores (até Neymar passou mais a bola, embora no segundo tempo voltasse a prendê-la excessivamente). O meio de campo continua "quatro malucos num quarto escuro", mas, de alguma forma, neste jogo, o time conseguiu compensar esta deficiência com a rotatividade de posição dos jogadores.

No segundo tempo, o gol de falta de David Luiz só saiu porque ele colocou a bola sob o braço (como o mestre Didi no passado), decidido a batê-la. Se não agisse assim, seria mais uma falta batida por Neymar, que acha que a Seleção Brasileira é o Santos. Atitudes como essa do David Luiz precisam acontecer mais vezes. Para benefício do time. E não em prejuízo de Neymar.

O choro final de James Rodríguez representou o que foi a Colômbia nesta Copa: um time de valor, técnico e que aspirava a muito mais do que obteve. Uma pena que tenha cruzado com o Brasil tão cedo. E o consolo de David Luiz ao craque colombiano lembrou o de Ghiggia aos jogadores brasileiros na Copa de 1950. É ao mesmo tempo reconhecimento ao valor do outro e desportividade. E deveria acontecer mais vezes.

A contusão de Neymar, que esperamos não seja grave (apenas um susto), pode ao menos servir de lição para ele. Prender a bola em excesso leva a isso, além de atrasar o time: não raro, irritado, o adversário acaba, no calor do jogo, praticando atos impensados, como a joelhada que o dez brasileiro tomou nas costas.

De resto, é triste que o Brasil precise dos zagueiros para ganhar seus jogos. Isso não é o normal e reflete o que é o nosso time: ótima defesa, um ataque apenas razoável e um meio de campo inoperante. Daí a escassez de gols. E o desespero a cada jogo.

Contra a Alemanha, não digo que o Brasil vá perder, porque não sou vidente. E porque a Alemanha jamais foi de nos dar trabalho. Se fosse a Holanda ou a França, a Itália...

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