"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

SIMBIOSE

Para mim cinema é ficção, narrativa, um relato com início, meio e fim. Daí porque não curto muito assistir a documentários numa sala de exibição. Quando o cinema era só um experimento ótico ou cinemático, ele recorreu à literatura. Hoje, ele é narrativa com imagens em movimento e devolve à literatura muito do que esta lhe emprestou. As duas artes acabam, então, por se influenciar mutuamente. O dizer-mais-com-menos-palavras talvez seja, na ficção moderna e atual, uma influência do cinema. E a busca do cinema pela ambigüidade, com o duplo sentido, que amplie o significado do filme (e que o espectador mediano em geral abomina) talvez seja, no momento, o maior débito do cinema para com a literatura. O final de Encontros e desencontros, por exemplo, de Sofia Coppola, é um desfecho literário, tem uma dupla visada: não sabemos se os personagens marcam um encontro para breve, e assim pensamos que vão ficar juntos, ou se o cara simplesmente diz para a garota que a ama, mas que a união deles é impossível e que, de qualquer modo, logo ela o esquecerá ou encontrará outro mais interessante e mais jovem, de sua geração... A crença, assim, fica a cargo de quem vê e como sente o que vê. Subjetividade, metáfora, sentimento. Em duas palavras: arte, literatura.

5 comentários:

Senhorita B. disse...

O que mais posso dizer do meu filme favorito? Ou deste texto sublime?
Abraços

Silvestre Gavinha disse...

Concordo com você Mayrant. Sobre a troca de influências, hoje uma via de mão dupla em que as duas artes ganham muito com o tráfico. E com este filme em especial. Sensível e sutil, arte e literatura. Talvez o melhor de Sofia.Embora tenha gostado por demais da brincadeira que ela fez em Maria Antonieta.

Anônimo disse...

Isso, meu amigo. Filme emblemático. Aquele abraço. T

Lidi disse...

Preciso assistir, novamente, a este filme. Quando assisti, creio que ainda estava imatura para alcançar a sua essência: "subjetividade, metáfora, sentimento". Preciso revê-lo, urgentemente!!

Victor Seabra disse...

Desculpe-me Mayrant, mas é muito difícil obedecer esse imperativo!!
(rs)
Já linquei lá Na Sala Escura, e passarei aqui para beber da fonte!

Abraço!!