Num de seus contos mais festejados – e é provável que muitos de seus relatos tenham influenciado alguns dos melhores escritores europeus do século XX, entre os quais Thomas Mann, cuja célebre novela Morte em Veneza tem ecos de O cavalheiro de San Francisco –, o russo Ivan Bunin, que se refugiou na França, escorraçado pelos vermelhos (e é preciso que se diga e se reitere sempre: os vermelhos não gostam de arte), Ivan Bunin escreveu: “Sim, dia a dia, ano a ano, espera-se em segredo só uma coisa: aquele momento em que se vai topar com o amor feliz. Em última análise, é só essa esperança que nos permite viver, e é sempre vã”. Será ainda assim para os jovens que aí estão batendo cabeça? Será ainda assim para todos nós? E quando o encontramos, este momento, este amor feliz, o que fazemos depois? Quantos de nós o acharam? Quantos não o acharão jamais? Sim, é a essência da vida, da arte, a substância necessária que nos impulsiona, muito embora não o admitamos nunca... ou a disfarcemos de indiferença, estoicismo, fleuma.
Foto: cena do filme Um homem, uma mulher (1966), de Claude Lelouch.
5 comentários:
Que bonito, Mayrant, eu acredito nisso, e não disfaço. Abraço. M.
Essa esperança meu querido, não fosse vã, seria o fim da vida.
É porque nunca alcançamos ou satisfazemos o desejo, que seguimos.
Graças a Freud.
Pessoa diria aqui: "Dá-me mais vinho que a vida é nada."
E Betânia com sua voz rouca: "Nada alem de uma ilusão, chega bem...
é demais para o meu coração...
Acreditando em tudo que o amor, mentindo sempre diz,
Eu vou vivendo assim feliz, na ilusão..."
Mais abraços
Marie
E dessa ilusão beberemos. Ou muito cedo, ou, quase sempre, muito tarde. Aquele abraço. T
Caro Mayrant, um belo e contundente texto.Passar por aqui é quase uma obrigação diária...
Me torno mais sábio ao ler tão belos exertos.Obrigado pela sua visita la no modus,sempre bem vinda!!!!
Errata: quis dizer disfarço, claro.
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