"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

domingo, 28 de dezembro de 2008

MALOGRO E MÉTODO

Muitos dos meus contos são romances malogrados – relatos que evoluíram até um certo ponto e pararam. É o meu método. Um dos meus métodos. Embora tivesse planejado uma narrativa maior, ela mesma se deu um fim, se escreveu. Obviamente que, consciente de que não posso ir além, volto e ajusto fatos e personagens, arredondo o texto, acrescento, corto, altero, adapto ao novo gênero o que antes inscrevia-se noutro. Assim nasce a história – uma história –, de um horizonte que não se alcança. De certa forma, uma alegoria da vida e dos limites da arte, do artista.

Imagem: ilustração de Andrés Sandoval não-aproveitada em O inédito de Kafka (CosacNaify, 2003).

3 comentários:

Anônimo disse...

Ilustração oportuna aqui, neste espaço. Revi o vídeo da formatura de Marcela e exclamei: bem-aventurados os que aprenderam com suas aulas. É isso. Aquele abraço. T

Silvestre Gavinha disse...

Excelente expediente.
Mas há que ser bom nisso também.
Como geminiana, catarina, mulher e por aí vai, sou um pouco incapaz de cortes e sínteses.
Minha prolixidade me assassina sempre.
Depois, tem um poema do Leminski que adoro, que diz qualquer coisa do tipo: dentro de mim tem alguém que me acha o máximo... mal rabisco, já é um clássico...
É um poema pequeno e acho-o genial. No caso dele não, mas no meu, acho que é pura falta de real talento. Me encanto quando consigo escrever qualquer coisa, e não consigo nem revisar decentemente. Ademais, sou preguiçosa. E nunca ouvi falar de um bom escritor, daqueles de verdade, que gostasse, ou dissesse gostar do que escreve.

Marcela Soares disse...

É Thiago. E existe o fato de que alguns professores sabem diferenciar quem, de seus alunos, teve Mayrant como professor ou não, sem ser preciso perguntar. Por que será?