“Tenho procurado este livro por toda parte...”
“É maravilhoso. Acabei de ler neste instante”, respondeu a moça.
“Sabe onde posso achar outro exemplar?”, perguntou o amigo de Auster. “Isso é muito importante para mim.”
“Este aqui é para você”, disse a jovem, com a maior naturalidade.
“Mas ele é seu”, retrucou o homem.
“Ele 'era' meu, mas agora eu já acabei de ler. Eu vim aqui hoje para entregá-lo a você.”
Um caso sobrenatural, fantástico, ou um jogo da moça, aproveitando a insólita situação? Quem sabe? E, se souber, guarde o conhecimento para si, em favor da ambiguidade.
Fonte: AUSTER, Paul. O caderno vermelho. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 26.
Foto: Nathy Silva.
4 comentários:
Lindo e (insólito) relato. Que a literatura continue assim, nessa turba de sentidos. Aquele abraço.
"Quem sabe? E, se souber, guarde o conhecimento para si, em favor da ambiguidade." Adorei o relato e, principalmente, este final. Um abraço.
Essas coincidências são tão incríveis que às vezes até acredito que não são apenas coincidências. Bonito texto!
Adoro suas indicações! Que venham outras panizzas... Abraço
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