"Eu respirava naquelas salas, como um incenso, esse cheiro de velha biblioteca que vale todos os perfumes do mundo." Antoine de Saint-Exupéry

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

TRECHO DE DIÁRIO

Mais um dia de sol... um típico dia de sol em Salvador, claro e ameno... Se viva, minha mãe completaria hoje oitenta anos.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O ROMANCE

Há centenas e, talvez, milhares de definições do que seja o romance: gênero informe, massa de histórias com um tênue fio condutor, distensão no tempo e no espaço, multidão de personagens sem nada o que fazer e que o autor manipula ao seu bel-prazer, "o todo possível de uma narrativa" (esta é minha), o mundo de um deus, o autor (Faulkner). Todavia, uma das mais espirituosas e precisas com que já me deparei é a que se segue, arrancada de um romance de Stephen King e atribuída àquele que muitos consideram o fundador do romance norte-americano, Mark Twain, um humorista nato. Mais ou menos lá no primeiro terço de 'Salem's Lot, um calhamaço de quase seiscentas páginas, lê-se: "Mark Twain disse que um romance era uma confissão de todos os crimes por um homem que nunca comenteu nenhum."

sábado, 11 de agosto de 2012

SOBRE OS ESCRITORES, 1

"Sempre havia homens à procura de empregos na América, sempre essa oferta de corpos exploráveis. E eu queria ser um escritor. Quase todos eram escritores. Nem todos acreditavam que podiam ser dentistas ou mecânicos de automóvel, mas todos tinham a impressão de que podiam ser escritores. Daqueles cinquenta caras ali na sala, provavelmente quinze consideravam-se escritores. Quase todos usavam palavras e sabiam escrevê-las, isto é, quase todos podiam ser escritores. Mas a grande maioria dos homens, afortunadamente, não é composta de escritores, ou mesmo de taxistas, e alguns homens, muitos homens, infelizmente, não são nada." (CHARLES BUKOWSKI, Factótum. Porto Alegre: L&PM, 2007.)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

LINDAS CAPAS, 4: O OUTRO HAGAR

Ele é gordo, rude e mal-educado. Inquieto e viril, vive de combater outros povos para fazer pilhagens, que são o sustento de sua família. O filho, Hamlet, não faz outra coisa senão ler, o que envergonha muitíssimo o pai. Por outro lado, a filha, embora eternamente à espera de um bom marido, também sonha em ser uma guerreira, combater e pilhar, como o pai. Helga, a esposa, é a guerreira do lar e trata Hagar como ele próprio combate seus inimigos, impiedosamente. Ou seja, é ela quem manda na casa, quer ele queira quer não. Não raras vezes, quando ele retorna de suas violentas escaramuças, e mesmo antes de ver o presente que ele lhe trouxe, Helga ordena: "Vá pôr o lixo pra fora!" É como releitura do personagem e contraponto ao contexto tão rígido e imutável de suas aventuras que a capa desta edição se sobressai, revelando um outro Hagar: inocente, dócil e frágil, quase um menino. Nesta capa, de refinada composição, o personagem criado por Dik Browne apresenta-se antagônico a si mesmo e reafirma, com humor, que "os brutos também amam".