AS CORES DA VIDA – "Da tarde ficara-lhe uma lembrança radiosa, a de uma das mais belas primaveras de Paris, do ar tão suave e perfumado que as pessoas se detinham na rua para aspirá-lo. Há dias as mulheres deviam sair nas horas mais quentes trajando roupas leves, mas só então ele o percebia. Tinha a impressão de assistir a uma floração de blusas claras, e já se avistavam margaridas, girassóis e miosótis nos chapéus, enquanto os homens se arriscavam a usar seus palhinhas."
VERDADE INÚTIL – "'Compreende? Provocar o mínimo de desgaste. A quem serviria toda a história?' 'À verdade.' 'Que verdade?'"
IMPRESSÕES – "Maigret não era ainda um homem desembaraçado. Lembrava-se apenas do cheiro de desinfetante no momento em que se precipitou na escada do metrô, do estalido das portas automáticas, da longa viagem na penumbra subterrânea, com vultos que oscilavam a cada movimento do carro, rostos escavados pela luz elétrica, olhos sonolentos."
SEGREDO A DOIS – "Uma enfermeira cortou-lhe os cabelos do alto da cabeça enquanto o médico lhe dizia tolices. Ela era muito bonita, assim uniformizada. Pelo jeito como se entreolhavam, deviam ter-se amado pouco antes da chegada de Maigret."
COMO NO AMOR – "Tinham estragado tudo, conspurcado a sua polícia. Não estava aborrecido por lhe arrebatarem um pequeno sucesso. Era algo mais profundo. Lembrava uma desilusão amorosa."
PODER – "Compreendia agora que não era uma simples questão de dinheiro. A partir de determinado nível de fortuna não é o dinheiro que importa, e sim o poder."
2 comentários:
Das primeiras páginas atravessadas, já retemos o mínimo grau de transcedência possível. Grande Simenon. Aquele abraço. T
Mayrant!
Entrevista quente com o gênio Mou Brasil. Ele teve a coragem de expor diversas incoerências do nosso cenário cultural.
Não perca!
Aqui, no post do dia 12.05: www.elmirdad.blogspot.com
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