Nicolau e Ricardo não sabiam que estavam sendo seguidos. A primeira evidência veio com a bala que varou o ombro de Nicolau. A segunda – e não menos dolorosa – com outra bala, que se alojou na coxa esquerda de Ricardo.
Caídos e impotentes na rua escura e deserta – e Ricardo fora particularmente azarado, pois na queda perdera a pistola –, esperaram pelo vulto e pelo tiro de misericórdia... Uma cusparada no rosto foi tudo o que receberam. E as palavras, que o pistoleiro expeliu como se também cuspisse:
“Minha filha merecia mais respeito!”
E se foi.
Semanas depois, já restabelecidos e de volta ao trabalho, Nicolau e Ricardo se perguntavam a quem o atirador se referia: se às 87 mulheres assassinadas no Estado ao longo de um ano ou às 413 estupradas que tiveram coragem de procurar a polícia...
“Qual seria a sua filha?”
E Ricardo manuseava de um lado a outro as várias fotos de mulheres, que, muito antes de estar ali, nos frios arquivos da polícia, foram lindas garotinhas.
Em breve, o quinto episódio da segunda temporada. Imagem: capa da edição francesa de The getaway, de Jim Thompson (Gallimard, 1987).
5 comentários:
Um episódio fatal, e ainda bem que os detetas estão a salvo.Um suspiro de alívio e aguardando estou pelo próximo episódio.
Um tiro precioso que restabelece o patamar de nossos detetives. Aquele abraço.
Tiro na alma: "mulheres, que, muito antes de estar ali, nos frios arquivos da polícia, foram lindas garotinhas."
Abraço, Marcela.
Assino embaixo do comentário de Marcela. Mais uma célebre "tirambaça" do implacável Mayrant.
Estou em dívida. Perdoe-me. Estou passando por tempos difíceis. Em algum tempo, restabeleço-me. E aí iremos discutir cinema. Só não poderei levar mais alguém além de mim. Talvez o Lobo.
Abs!
Não seria a filhinha alguma das culpadas que os detetives descobriram?
(adoro ler contos de mistério!)
Postar um comentário