Hoje, consultando a esmo um livro de Cecília Meireles com o propósito de coletar um poema para uma oficina que pretendo ministrar, me deparei com esta pequena jóia, que não sei se me é desconhecida ou se esqueci.
DESENHO
Pescador tão entretido
numa pedra ao sol,
esperando o peixe ferido
pelo teu anzol,
há um fio do céu descido
sobre o teu coração:
de longe estás sendo ferido
por outra mão.
Deus, talvez. Traição amorosa ou fraterna. A morte. Não sei. Outra coisa ou força ou solidão ou desespero. Fica o que está e o que imaginamos. A música das palavras e, claro, a imagem, o desenho. O certo é que daria um belo curta-metragem, de cinco minutos − se muito. O pescador lá pescando − céu, mar, nuvens, vento, gaivotas − e, de repente, antes que ele pesque o peixe, uma mão gigantesca o pesca para o espaço.
Foto: Carlos Carvalho.
6 comentários:
Mayrant, um poema raro, e a ideia do curta é exelente.Agora é só filmar.Cécilia é um poço de lirísmo.
ela comove...
Meu Deus, que poema é esse? Como passei por ele um dia sem o ler?
Quem quer filmar? Não ousaria ser eu. Aquele abraço.
Daria um curta, sem dúvida. Um belo curta, assim como o poema. Adorei, Mayrant. Um abraço.
Abduzido não, absorvido.
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