sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O SEMPRE

Segundo algumas teorias modernas, e outras tão antigas quanto o mundo, a existência é uma repetição enfadonha. E assim será, mesmo que haja outra vida, pois tudo já aconteceu, está acontecendo e ainda acontecerá, infinitamente. E nós, igualmente, seremos sempre os mesmos, pois o futuro já foi, o presente ainda será e o passado está sendo. Eu próprio, em algum momento pretérito, já escrevi este texto e ainda o escreverei, quem sabe quando... Ou seja, continuaremos a ser quem somos, sem déficit nem acréscimo, por toda a eternidade. Consolador, não?

Foto: Laranja mecânica (1971), de Stanley Kubrick, baseado no romance homônimo de Anthony Burgess.

9 comentários:

  1. Estritamente irónico e poetico também!!!Só espero que não de de cara comigo mesmo em alguma esquina...Lembro-me que escrevi um poema que fala mais ou menos sobre isso... Ontem ao conversar comigo/dei-me conta de que hoje sigo/para amanhã se encontrar comigo.

    Era isso.

    Um abarço

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  2. Mayrante, como já deu para perceber, eu estou à beira de um concurso e, por isso, não estou lendo nada nadinha de literatura. Mas estou curiosa a seu respeito. Assim que o dia 14 de dezembro passar, lerei o seu livro. Sobre o tempo passado e presente e futuro, não escolho teorias, escolho poesia:
    " O tempo presente e o tempo passado
    Estão ambos talvez presentes no tempo futuro
    E o tempo futuro contido no tempo passado.
    Se todo o tempo é eternamente presente
    Todo tempo é irredimível.
    O que poderia ter sido é uma abstração
    Que permanece, pérpetua possibilidade,
    Num mundo apenas de especulação.
    O que poderia ter sido e o que foi
    Convergem para um só fim, que é sempre presente.
    Ecoam passos na memória
    Ao longo das galerias que não percorremos
    Em direção a porta que jamais abrimos
    Para o roseiral. Assim ecoam minhas palavras
    Em tua lembrança.
    Mas com que fim
    Perturbam elas a poeira sobre uma taça de pétalas.
    Não sei."


    Assim falou T.S. Eliot em Burnt Norton.

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  3. Discordo dessa modernidade antiga. Desde a Grécia, aquela, sabemos que um rio não é o mesmo rio do dia anterior. Então, volveremos, sim, mas jamais iguais a antes. Volveremos sim, como de resto fizemos antes e sempre. Meu amigo, tá muito bom isso aqui. Abr. (carlos)

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  4. Um rio sempre é o mesmo rio. E com acrèscimos. T

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  5. Esse é um dos temas que mais me consome. Consolador não. Desesperador.
    Bjs.

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  6. Deja vù. Sou hoje e sempre o eterno aqui e agora.
    Me repito e sinto que o faço.
    Somos sonhadores ou sonhados?
    Quem já não se preocupou ou se consumiu com a eterna roda? A cobra mordendo o próprio rabo. Borges, Kierkegaard, Hesse, Moebius... o eterno retorno. Boa literatura. Sem dúvida.
    Abraço
    Marie

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  7. Tou com o Carlos Barbosa: eterno retorno em diferença. Abraço. M.

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  8. Essa é para a M: "Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio". (Ricardo Reis). T

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  9. assista batlestar galactica. tb conta sobre isso.
    eu, de cá, acredito que hajam ciclos mas nunca da mesma forma.
    []s

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