
Ele me disse: "Venha segunda de manhã, vou receber umas galinhas, e então acertamos tudo". Foi exatamente o que ele disse: "receber umas galinhas". E por minha cabeça passou a imagem de um bando de putas invadindo seu escritório. "Você é detetive, não é?", perguntou, quando concordei em ir. "Hein?", insistiu, com impaciência, a voz grave, sólida, de quem está acostumado a ralhar com os subalternos. "Sou e não sou", respondi afinal, com firmeza. Ele ficou em silêncio e depois disse, num surto de cobrança: "Explique". Eu explicaria, mas não por telefone. Ou talvez apenas o fizesse compreender tudo, por uma imagem, uma precisa e feliz imagem. "Segunda-feira então, com as galinhas...", ironizei. Novo silêncio. "Certo, venha, mas venha cedo", ele disse, respeitando todas as vírgulas. E desligou.
Primeira parte do conto Brinquedo perdido, um noir de minha autoria, publicado na Revista da Academia de Letras da Bahia, n. 48, de Novembro de 2008, e que foi lançada recentemente. O conteúdo da revista inclui artigos, ensaios, contos, crônicas, poemas e textos teatrais. Entre os colaboradores figuram: Ruy Espinheira Filho, Carlos Ribeiro, Hélio Pólvora, Florisvado Mattos, Dorine Cerqueira, Aramis Ribeiro Costa, entre outros.
Mayrant, como consigo esta revista?
ResponderExcluirDaqui, já restrito às paragens de Feira, fico no aguardo, no aguardo na leitura. Aquele abraço.
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